terça-feira, 9 de março de 2010

Tristeza profunda


Lua, minha saudade será eterna...
Mudanças...
O que escrever sobre mudanças que ainda não tenha sido dito até a exaustão? Não interessa muito, o importante é saber como me sinto quando o que mudou afeta minha vida. Ontem tomei mais uma decisão rumo ao diferente: devolvi a Lua para Lúcia, não por considerá-la um peso, um trabalho a mais, mas sim porque a situação de greve de fome dela me preocupa muito. Pode ser que voltar para quem ela, de fato, escolheu como sua dona (ou de quem ela é a dona, sabe como são os gatos...) a salve de uma morte lenta por inanição voluntária.
São 5 horas da manhã, estou acordada desde as 3 e meia, já li, já pensei muito, já me revirei na cama, já chorei. Aliás continuo a ter vontade de chorar. Muita vontade. Sei lá o que me deu, talvez agora que passou o primeiro momento louco de arrumar tudo pra trazer, a correria das últimas semanas, a formatura tão aguardada do Flávio, que já ficou pra trás, também. Bateu forte uma depre. O certo é que tudo mudou e, mesmo que se agora isto não soe como o esperado, não há mais para onde voltar. Tudo já está diferente, modificado, o ninho agora só existe em nossas recordações. Iniciar algo novo é isso, despedir-se do familiar e acolhedor. Iniciar uma viagem sem volta a novos rumos.
Escrever de madrugada textos assim, sem compromisso, é algo que já não fazia há bastante tempo. Ano passado praticamente tudo que escrevi foi em função da faculdade. Este tempo também já é outro, por lá estou apenas pelo próximo semestre para acertar minhas pendências, que pensando bem, nem precisavam ter existido se, na época tivesse refletido um pouco mais sobre preguiça e fazer concessões a quem afinal de contas nem as merecia. Paciência, as coisas tomaram este rumo por escolha minha e, agora é tocar o barco adiante. Já devo ir pensando qual próximo rumo profissional posso dar a minha vida. Por enquanto não são nem planos, são vislumbres que, de repente, podem dar em nada. Sinto que este momento é muito de introspecção como pede toda uma nova situação. Momento de recolhimento, onde a solidão tem sido bem vinda, se é que se pode chamar assim, de solitária uma cabeça tão cheia de pensamentos. Às vezes, gostaria muito de poder me desligar um pouco, tipo aqueles robôs de filme, mas parece que este controle não me foi instalado. Paciência! Talvez esta seja não só a palavra para o momento mas principalmente a virtude que me esteja sendo ensinada.
(08/03/10 5h49min)
São 23h e 16min, hoje é 9. Acho que tenho agora a resposta sobre o porquê daquela tristeza toda que me acompanhou desde ontem. A Lua morreu. E por mais que já tenho enfrentado a morte, as ausências, esta perda me dói tanto quanto a de perder alguém da família. Acabei de fazer o que nunca tinha feito antes: preparar a mortalha e devolver alguém a terra. De certa maneira ela vai estar sempre junto comigo daqui para frente, enterrada no meu jardim. Coincidência ou não, mandei colocar na outra semana, meu banco de pedra bem defronte ao que agora é seu pequeno túmulo, como se pressentisse que ele vai me ser útil para sentar mais perto dela. Foram 13 anos de convivência, sendo que desde há algum tempo era como se tivéssemos criado um novo relacionamento entre nós duas. Era comum perder o sono e encontrá-la sentada muito quieta junto a minha cabeça. Fazia um afago em suas orelhas, ela me devolvia com umas cabeçadinhas e seguíamos a noite até eu acordar de manhã e o ritual se repetir. Minha preta, que não era minha na verdade e sim da Lúcia, vou ter muita, mas muita saudade mesmo de ti.

3 comentários:

Kari, Karina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kari, Karina disse...

Dói, dói demais. É um vazio amplo que toma conta da alma, que aperta o peito e que aflora nos nossos olhos sem que possamos sequer controlar. O que conforta é o fato de que essa perda é somente física e que o mais importante vai estar vivo: As lembranças, tão intocáveis e tão instrínsecas ao nosso ser.
Além disso, mudanças sempre vêm para o melhor, tenho certeza. Misteriosamente, a vida sempre melhora, ainda que não vejamos isso com clareza.
Força, Helena. Força pra Lúcia, força! Quando esse luto passar, lembra sempre que a Lua querida está imortalizada pelas tuas próprias mãos, pela tua própria arte, naquele quadro tão lindo dela e da Lúcia...

Bianca disse...

Não estamos preparados para mudanças Malagueña, por mais preparados que possamos pensar estar.
Mudanças de toda ordem causam desordem dentro de nós.
Se olhar por dentro e não se reconhecer em meio as mudanças que escolhemos e as que a vida impõem, acredito ser normal e faz parte dessa transição, apesar de doloroso.
Tenho para trocar contigo um momento que se assemelha ao teu, foi quando mudei de cidade e fui morar sozinha.
Arranquei as raízes, e me vieram medos que nunca tinha pensado em ter, me assombrar.
Me senti frágil, parecia que a cidade ia me engolir, queria estar perto dos meus, mas a solidão se fazia obrigatória. Depois me adaptei a essa vida.
O que tirei desse momento é que não sei viver sem mim, sem estar à sós comigo e que nunca, de maneira alguma eu vou estar preparada para as mudanças, por mais que pense o contrário.
Fuerza minha amiga!
Se precisar de uma tarde de papo é só gritar.

beijo