sábado, 26 de junho de 2010

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Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu - eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite.

Clarice Lispector

quinta-feira, 24 de junho de 2010

NÃO DEIXE O AMOR PASSAR



Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Na ilha por vezes habitada

Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago

"O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio".

A pessoa José Saramago findou-se mas não suas palavras, suas idéias. Sua obra continuará viva sempre que alguém ler os livros onde ele compartilhou suas idéias com seus leitores. Considero-me afortunada por ser um deles.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Reflexões outonais


OUTONO

Segunda-feira, a última deste outono. Dia claro de céu azul e muito sol e está frio. O inverno está quase instalado para nos oferecer aqueles dias escuros, muito frios e deprimentes onde nosso primeiro pensamento na manhã é não ter que levantar, é ficar mais no conforto quente das cobertas.
Época de lareira, chocolate quente, vinho, um bom livro ou um filme daqueles que nos fazem embarcar num outro mundo. Aqui a necessidade de outras pessoas a nossa volta parece se intensificar. Ah, o valor de um bom papo...
Estou nos últimos metros, se isso fosse uma caminhada, de terminar meu curso e isso tem merecido muito tempo da minha atenção, seja para terminar as tarefas restantes seja para pensar sobre os rumos que tomarei daqui pra diante. Na verdade o prazer de fazer esta faculdade, a curtição do novo, as amizades construídas lá que faziam com que cada dia de aula fosse um prazer, uma novidade, terminou o ano passado. Não é que as pessoas que encontro nas aula, agora não sejam legais. Trata-se apenas de ter perdido aquela turma que entrou junta e partilhou idéias e ideais. Cada vez que entro no IAD tenho mais forte a impressão de não estar mais no lugar certo, de reconhecer cada vez menos as pessoas. Faz parte do rítmo da vida este estranhamento, faz com que queira ir adiante, procurar outros rumos e entender que este aqui é uma página quase virada.
Que venham outros caminhos que façam com que me sinta viva, desperta, produtiva e inspirada.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Na reta final

Semana de avaliação. Reta final e ainda bastante trabalho para fazer. Volta a corrida maluca, a qual já estava começando a considerar como coisa do passado. Daqui a pouco mais de um mês, o tão esperado; the end. E aí eu pergunto: e depois? Fazer o que retomar a rotina antiga como se nada tivesse acontecido ou por outra como se não tivesse acontecido o IAD na minha vida? Impossível! Tem coisas que passam por nos que queiramos ou não, nos marcar para sempre.O negócio é descansar um pouco e não baixar as mangas arregaçadas porque pretendo ainda ter muito trabalho pela frente. Mundo das artes, prepare-se porque estou voltando e com força total. Desta vez quero o meu lugar ao sol e estou pronta para a luta! Enquanto isso, para descontrair, uma pérola que encontrei nuns arquivos antigos que estou revisando...

"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer".

Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação:

"Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!"

Ah, o sexo que embora geograficamente habite o hemisfério sul, não sai da nossa cabeça! (ainda bem...hehehehe)


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Nietzsche, companheiro antigo



Pós feriado, preguiça, dificuldade em voltar ao trabalho. Ainda mais que não tenho horários marcados, não sou índia então, não tenho chefe que me controle . Mas tenho muito trabalho a ser feito se quiser terminar o curso até o mês que vem. Mas antes uma passadinha por aqui. Ontem lendo um pouco sobre o que escrevem meus amigos do blog encontrei Alguém nos ama (Nietzsche?), no Blog do Vidal. Embora há 14 anos me dedique à arte, tanto no fazer como no ler sobre, a Filosofia é uma paixão paralela. E, Nietzsche, na Filosofia e Beethoven na Música(assunto para outro dia...), são amores particulares. E gosto de saber que tantas outras pessoas ainda procuram nele uma palavra para suas próprias vidas. A frase "O que não me mata me fortalece" há muitos anos me ajuda a superar todas as armadilhas que a vida me apresentou. E o faz com louvor. As palavras de Nietzsche sempre me ajudaram nesta busca da força que existe dentro de todos nós, mas que em alguns insiste em se manter adormecida. Em homenagem a isto hoje mesmo pegarei alguma obra dele em minha biblioteca para reler.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Feriado!


De pernas pro ar

Lembro ainda com que ansiedade se esperava um feriado quando era criança e adolescente. Um hiato nas atividades diárias, um não levantar cedo, a falta daquele compromisso diário de não chegar atrasada em aula. Hoje é tudo diferente, as minhas chamadas "obrigações" diárias não mudam se o dia é vermelho ou preto na folhinha. A diferença maior se encontra no número de pessoas que ficam por casa. Na hora do almoço que, como nos domingos, vai parar lá quase no horário do café da tarde. Fora isso, não vejo mais tanta diferença de um dia comum.
Minhas rotinas andam mudadas, e, depois de julho mudarão ainda mais, pois terminará meu compromisso com a faculdade. Já anunciei aqui por casa que tirarei um "semestre sabático". Chique esta expressão, parece até que está na moda, pois volta e meia a leio com relação a algum artista, jornalista, etc. Um semestre sem compromissos, tentando me deixar levar apenas pela vontade de momento...será que aguento? Acho que estou há muito condicionada a horários, compromissos meus e dos filhos, que enquanto pequenos temos que assessorar constantemente. Mas este tempo já passou, eles tem e gerem seus próprios compromissos. Tempo para ler, pensar, dormir, ver filmes, sair sem destino, meditar sobre tudo e, principalmente sobre nada. Se eu não começar a subir as paredes pela falta de cobranças e horários, já estará de bom tamanho.