sábado, 17 de janeiro de 2009

Dor xavante

Ontem a tarde, voltando do Uruguai, ouvimos pelo rádio do carro a horrível notícia da tragédia ocorrida com o ônibus do Brasil de Pelotas. Foi algo chocante que fez com que ficássemos calados e acompanhando a rádio Pelotense desde Dom Pedrito até aqui. Apenas a rádio rompeu o silêncio em que mergulhamos até aqui. Claro que esta tragédia por sí só já nos deixa chocados ( há alguns anos atrás perdi algumas primas de São gabriel em um acidente parecido com este ).
A gente se coloca no lugar da família destas pessoas que perderam suas vidas de maneira tão cruel. Mas ouve algo que fez com que a emoção me subisse aos olhos, a maneira como os xavantes se espalham pelo Brasil inteiro e, de como diante de toda esta tristeza, se uniram na dor, manifestando-se em mensagens e e-mails que chegaram durante toda a tarde à rádio.

A garra xavante, as cores, a batida dos tambores sempre me chamaram, embora há muitos anos só acompanhe futebol de longe. Quando era menina sim, acompanhei, e muito, a minha tia Octacília, figura que foi muito popular no time, pois chegou a fazer parte de seu Conselho, e que ainda tem seu nome na calçada defronte ao estádio. Para ela, que está totalmente fora do mundo lógico a alguns anos, e para minha mãe, que já mudou de dimensão há dois anos, esta dor foi poupada, pois sei que elas sentiriam demais não só a perda de vidas mas também este buraco enorme aberto na alma xavante, que cada torcedor divide.

Tem coisas que a gente pensa que deixou perdida na infância e descobre assim, de repente, que continuam bem vivas dentro de nós. Redescubro e assumo que meu coração é vermelho e preto, e vou torcer muito para que o time se erga de toda esta dor com mais garra ainda e possa oferecer para seus heróis mortos, a homenagem de muitas vitórias!