segunda-feira, 15 de março de 2010

Saudade


LUA, bem amada!

"Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche."

Martha Medeiros

domingo, 14 de março de 2010

ESQUECER?

A verdade é uma só, a gente não esquece pessoas que foram tão importantes na nossa vida, mesmo quando elas nos fizeram sofrer como o cão.

A boa notícia é que a gente não esquece, mas supera. E se lembra de outras coisas: de como somos fortes e merecemos mais. Lá na frente, fica difícil lembrar porque pastamos tanto, e as boas recordações se transformam em fotos num álbum da memória, que você vê sorrindo - mas depois guarda de novo no fundo do armário e segue a vida.
Como se faz isso? Enfrentando. Dói muito perder um amor, seja levando um fora, seja desistindo dele. O Caio Fernando Abreu, um escritor gaúcho, disse uma vez que a dor de perder alguém em vida é pior do que a dor da morte, porque é o nunca mais de alguém que se poderia ter, já que está vivo e por perto.
A gente costuma só fazer bobagem nessa hora. Planejamos vinganças que nunca iremos concretizar - ou, pior, que tentamos. Fazemos piada, apontando todos os defeitos que, enquanto estavam ao lado, não incomodavam tanto assim. Arranjamos outros casos ou beijamos estranhos na balada. Temos recaidas, ligamos pra dizer as coisas que ficaram no ar, cedemos sob a ilusão de que foi só dessa vez, ou que é só sexo, ou que foi a última. Ficamos obcecadas em pensar no que deu errado, no que poderíamos ter feito, no que deveríamos esclarecer. Dizemos que nunca mais, quando sabemos que, no fundo, queríamos dizer sim. E por aí afora.
Digo isso porque, bem, já tentei esquecer uma boa meia dúzia de pessoas. E não fica mais fácil a cada novo fim, e cometo as mesmas bobagens, sabendo que não deveria. Esquecer é impossível, mas conviver com as lembranças às vezes dói tanto que é mais fácil voltar atrás. Engano. Não é. Devem existir exceções, que não conheço pessoalmente, mas na maioria das vezes o fim é o fim, e qualquer tentativa de recuperar o tempo, o afeto ou os sonhos perdidos só nos arrasta ladeira abaixo.
Pois bem. Número um: assuma a dor. Coisas morrem quando se perde um amor: aquela parte da gente que acreditava no final feliz, a paixão que parecia tão certa, os momentos felizes que não se repetirão, a companhia com quem nos habituamos. Tentar se enganar com soluções práticas do tipo cortar o cabelo e comprar roupas novas, ou cair nos discursinhos de sou-mais-eu não tapa o buraco. Melhor dizer, em voz alta, pro espelho e para quem mais puder ouvir, que sim, estamos sofrendo. Chorar, gritar, socar o travesseiro. E nos dar esse tempo de luto, feito de silêncio, de reflexão, de recolhimento - e não de gestos impulsivos movidos pelo desespero, que não podem trazer de volta quem se foi nem nos fazer sentir melhor a longo prazo.
Depois, vem a reconstrução. Quando vivemos próximas demais de alguém, a vida muda, fica dupla. É hora de lembrar nossas necessidades. Quais eram nossos planos antes da história começar? O que deixamos para trás nessa relação? Não precisamos ter alguém ao lado para estar inteiras. Esse buraco que fica é um vazio só nosso, que preenchemos com pessoas a título de amor. Errado. Precisamos tapá-lo sozinhas, resolvendo nossas carências, enfrentando nossos medos, nos tornando pessoas completas. Por nós e pelas nossas próximas relações: quem precisa de alguém para ser feliz não o será, nem sozinha, nem com companhia nenhuma.
E sim, táticas práticas, como tirar as lembranças de perto, ir a lugares que não estão marcados pela história, mudar de sala, de emprego, de cidade até, arranjar um caso novo, isso tudo pode ajudar por um tempo. Mas não podemos fugir de nós mesmas, e nenhuma mudança externa resolve se não evoluímos por dentro. Pode-se aprender com a perda, mas somos nós quem temos que tirar essa lição.
Quanto tempo leva? Tudo demora quando temos pressa, mas tenho uma teoria. Uma vez fui a um endocrinologista, querendo emagrecer dez quilos nos dois meses que faltavam para o verão. Ele me perguntou quanto tempo levei para engordar. Um ano, respondi. E o que ouvi foi o seguinte: você não vai conseguir perder dez quilos de forma saudável - e permanecer magra - em um tempo menor do que aquele que levou para engordar. Seu corpo e sua cabeça precisam de tempo para se adaptar a um novo estilo de vida.
Pensando nas minhas histórias de fim, percebo que para superar levei o mesmo tempo que precisei para chegar ao auge da paixão. Às vezes uns meses, às vezes anos. E, como nas dietas, tive que dizer não para mim mesma - e para os outros - muitas vezes. Como nas dietas, pensei em desistir, dar uma escapadinha ou fazer loucuras. Mas, quando acreditei que a vida de antes não valia mais a pena, consegui reunir forças para continuar. E cheguei lá: sem a dor dos homens que perdi, sem os quilos que ganhei. Boa sorte.
(Não lembro quem é o autor, esqueci de anotar...sorry, mas o texto é ótimo!)

terça-feira, 9 de março de 2010

Tristeza profunda


Lua, minha saudade será eterna...
Mudanças...
O que escrever sobre mudanças que ainda não tenha sido dito até a exaustão? Não interessa muito, o importante é saber como me sinto quando o que mudou afeta minha vida. Ontem tomei mais uma decisão rumo ao diferente: devolvi a Lua para Lúcia, não por considerá-la um peso, um trabalho a mais, mas sim porque a situação de greve de fome dela me preocupa muito. Pode ser que voltar para quem ela, de fato, escolheu como sua dona (ou de quem ela é a dona, sabe como são os gatos...) a salve de uma morte lenta por inanição voluntária.
São 5 horas da manhã, estou acordada desde as 3 e meia, já li, já pensei muito, já me revirei na cama, já chorei. Aliás continuo a ter vontade de chorar. Muita vontade. Sei lá o que me deu, talvez agora que passou o primeiro momento louco de arrumar tudo pra trazer, a correria das últimas semanas, a formatura tão aguardada do Flávio, que já ficou pra trás, também. Bateu forte uma depre. O certo é que tudo mudou e, mesmo que se agora isto não soe como o esperado, não há mais para onde voltar. Tudo já está diferente, modificado, o ninho agora só existe em nossas recordações. Iniciar algo novo é isso, despedir-se do familiar e acolhedor. Iniciar uma viagem sem volta a novos rumos.
Escrever de madrugada textos assim, sem compromisso, é algo que já não fazia há bastante tempo. Ano passado praticamente tudo que escrevi foi em função da faculdade. Este tempo também já é outro, por lá estou apenas pelo próximo semestre para acertar minhas pendências, que pensando bem, nem precisavam ter existido se, na época tivesse refletido um pouco mais sobre preguiça e fazer concessões a quem afinal de contas nem as merecia. Paciência, as coisas tomaram este rumo por escolha minha e, agora é tocar o barco adiante. Já devo ir pensando qual próximo rumo profissional posso dar a minha vida. Por enquanto não são nem planos, são vislumbres que, de repente, podem dar em nada. Sinto que este momento é muito de introspecção como pede toda uma nova situação. Momento de recolhimento, onde a solidão tem sido bem vinda, se é que se pode chamar assim, de solitária uma cabeça tão cheia de pensamentos. Às vezes, gostaria muito de poder me desligar um pouco, tipo aqueles robôs de filme, mas parece que este controle não me foi instalado. Paciência! Talvez esta seja não só a palavra para o momento mas principalmente a virtude que me esteja sendo ensinada.
(08/03/10 5h49min)
São 23h e 16min, hoje é 9. Acho que tenho agora a resposta sobre o porquê daquela tristeza toda que me acompanhou desde ontem. A Lua morreu. E por mais que já tenho enfrentado a morte, as ausências, esta perda me dói tanto quanto a de perder alguém da família. Acabei de fazer o que nunca tinha feito antes: preparar a mortalha e devolver alguém a terra. De certa maneira ela vai estar sempre junto comigo daqui para frente, enterrada no meu jardim. Coincidência ou não, mandei colocar na outra semana, meu banco de pedra bem defronte ao que agora é seu pequeno túmulo, como se pressentisse que ele vai me ser útil para sentar mais perto dela. Foram 13 anos de convivência, sendo que desde há algum tempo era como se tivéssemos criado um novo relacionamento entre nós duas. Era comum perder o sono e encontrá-la sentada muito quieta junto a minha cabeça. Fazia um afago em suas orelhas, ela me devolvia com umas cabeçadinhas e seguíamos a noite até eu acordar de manhã e o ritual se repetir. Minha preta, que não era minha na verdade e sim da Lúcia, vou ter muita, mas muita saudade mesmo de ti.