Tem um quê das gravura de Goeldi nesta foto...
Chuvinha chata desde as cinco da manhã. Não que eu tenha alguma coisa contra chuva. Até gosto. Mas a verdade é que há nesses dias uma tendência maior à introspecção e um perigo de mergulhar em pensamentos bastante depressivos, como uma saudade enorme que ainda tenho de meus primeiro e segundo ateliês. Principalmente do segundo onde fiquei mais tempo e que tinha entre outras coisas, um charme todo especial dado por assombrações que nos visitavam de vez em quando. Até parece que estou de brincadeira mas não é. Não era apenas eu que os via e ouvia...fico pensando se eles ainda estão observando o novo ateliê que lá se estabeleceu. Pintei muito por lá, dividi com aquelas paredes muitos momentos delicados da minha vida. Lá também encarnei algumas fantasias antigas minhas, como a de tomar um banho nua no jardim secreto, durante uma tempestade de verão...Saudade daquela casa que compartilhou comigo o momento mais importante de minha carreira de pintora: o de assumir uma identidade própria dentro da pintura. É, dias como hoje me levam direto a estas doces recordações.