Ontem a tarde, voltando do Uruguai, ouvimos pelo rádio do carro a horrível notícia da tragédia ocorrida com o ônibus do Brasil de Pelotas. Foi algo chocante que fez com que ficássemos calados e acompanhando a rádio Pelotense desde Dom Pedrito até aqui. Apenas a rádio rompeu o silêncio em que mergulhamos até aqui. Claro que esta tragédia por sí só já nos deixa chocados ( há alguns anos atrás perdi algumas primas de São gabriel em um acidente parecido com este ).A gente se coloca no lugar da família destas pessoas que perderam suas vidas de maneira tão cruel. Mas ouve algo que fez com que a emoção me subisse aos olhos, a maneira como os xavantes se espalham pelo Brasil inteiro e, de como diante de toda esta tristeza, se uniram na dor, manifestando-se em mensagens e e-mails que chegaram durante toda a tarde à rádio.
A garra xavante, as cores, a batida dos tambores sempre me chamaram, embora há muitos anos só acompanhe futebol de longe. Quando era menina sim, acompanhei, e muito, a minha tia Octacília, figura que foi muito popular no time, pois chegou a fazer parte de seu Conselho, e que ainda tem seu nome na calçada defronte ao estádio. Para ela, que está totalmente fora do mundo lógico a alguns anos, e para minha mãe, que já mudou de dimensão há dois anos, esta dor foi poupada, pois sei que elas sentiriam demais não só a perda de vidas mas também este buraco enorme aberto na alma xavante, que cada torcedor divide.
Tem coisas que a gente pensa que deixou perdida na infância e descobre assim, de repente, que continuam bem vivas dentro de nós. Redescubro e assumo que meu coração é vermelho e preto, e vou torcer muito para que o time se erga de toda esta dor com mais garra ainda e possa oferecer para seus heróis mortos, a homenagem de muitas vitórias!

